quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

CRÍTICA: Kick-Ass

 

Eu nunca fui um grande fã de quadrinhos de super-herói. Gostava dos heróis, tinha algumas edições, mas nunca fui muito chegado. Preferia ler Zé Carioca, Turma da Mônica ou outros gibis infantis quando era criança. Mas isso mudou há alguns anos atrás, e passei a acompanhar mais esse tipo de história. E foi Watchmen que me fez gostar mais delas, e até me indentificar com alguns personagens.

Claro, só li Watchmen por causa de ver os trailers da adaptação cinematrográfica e achá-los fantásticos. E foi o mesmo que eu fiz com Kick-Ass: vi o trailer, algumas fotos, a premissa do filme e achei interessante. Logo em seguida, procurei sobre as HQs. Quando as achei, por incrível que pareça, não as li imediatamente, mas deixei elas guardadas, para outra ocasião. Só fui ler quando não estava fazendo nada e lembrei que tinha as edições.

E me arrependo um pouco por isso, pois eu poderia ter conhecido bem antes uma das melhores histórias de super-heróis que já li na vida. Kick-Ass prendeu minha atenção do começo ao fim, com seus diálogos memoráveis, suas ilustrações extremamente bem-feitas e suas personagens incríveis. E isso tudo somado ainda com uma brilhante história, que, com certeza, é o ponto mais forte dos quadrinhos.

Kick-Ass conta a história de Dave Lizewski, um típico adolescente fracassado estadunidense (daqueles mostrados em filmes) que gosta da garota mais bonita e gostosa do Colégio. Ele não o cara mais inteligente, mas nem o mais burro; não é o mais forte, mas também não é o mais fraco; não o mais bonito, nem o mais feio. Tirando o fato de ser fracassado, ele é como os adolescentes de hoje em dia: vai no Youtube, baixa músicas, conversa com os amigos pelo MSN, etc. Mas ele é apaixonado por revistas em quadrinhos, e, um dia, pergunta a seus amigos: "Por que ninguém nunca tentou ser um super-herói?". Os amigos de Dave, então, dizem que, se alguém tentasse, será morto no mesmo dia. Mas o jovem não tirou essa idéia da cabeça, até que, um dia, ele mesmo decide vestir uma roupa e sair pelas ruas combatendo o crime.

A partir dessa decisão, sua vida muda para sempre, e muitas coisas (boas e ruins) acontecem com Dave. Logo na primeira edição, ele se mete com uma gangue, é esfaqueado, espancado e atropelado. E tudo isso com ótimos desenhos, muito sangue e um vocabulário brutal.

Felizmente, o herói sobrevive, e, durante os outros 7 volumes, muitas coisas acontecem: ele finalmente encontra um nome, consegue ajudar uma pessoa e vira uma celebridade na internet. E, então, se torna símbolo de inspiração para diversas pessoas, que decidem seguir seu exemplo e combater o crime no lugar onde moram. Assim, Kick-Ass acaba conhecendo outros  heróis, como Hit-Girl, Big Daddy e Red Mist, que o ajudam em determinadas partes da história.

Agora, pensem nessa história contada com muitas polêmicas, como mais sangue do que pode ter um filme do Tarantino ou do Robert Rodriguez, palavrões, polêmicas (como os heróis usando armas de fogo e drogas) e algumas cenas de sexo explicito. Isso é o que você encontra em Kick-Ass. E é isso que o faz tão bom.

Mas o melhor mesmo é a premissa da história. Ela tende a ser realista, e realmente é. Mostra o que pode acontecer quando um adolescente magrelo e sem experiência nenhuma decide combater o crime. Claro que não é 100% real, até porque algo como a Hit-Girl é impossível de acontecer, mas a história do protagonista é muito boa, real e surpreendente.

 Essa é Hit-Girl, uma das coisas mais loucas da história, e também uma das melhores personagens.

Outra coisa muito bacana dos quadrinhos é o humor. Por mais ferrado que Kick-Ass esteja, por piores que sejam as situações que ele está, tudo é sempre tratado de forma humorística, e sempre surgem situações inusitadas. E o melhor é que isso acontece do início ao fim da história, e sempre com tudo relatado pelo próprio Dave.

A única coisa que me deixou um pouco desapontado foi a edição final. Não que ela seja ruim, mas pareceu que foi tudo muito corrido, deixando-a com a impressão de muito curta. Felizmente, uma continuação foi anunciada, e as últimas páginas deixam bem claro que ela realmente irá acontecer.

Enfim, Kick-Ass é uma ótima história e uma sacada de mestre, recheada com muito humor, violência, mais sangue que Kill Bill vol. 1, polêmicas e ilustrações bem feitas. Junte isso com uma história que se passa nos dias atuais e que relaciona diversos elementos do nosso cotidiano, e também o fato de retratar um herói sem poder algum e como ele faz pra se virar enquanto combate o crime (ou pelo menos tenta). É um must-have na coleção de qualquer fã de HQs, e vale uma conferida para quem não for fã de quadrinhos. Pois, acredite, mesmo se você não for, vai acabar se tornando após ler algo tão marcante quanto Kick-Ass.

NOTA: 9,5

  
 Os principais personagens de Kick-Ass. Em ordem (da frente para o fundo): Hit-Girl, Big Daddy, Kick-Ass e Red Mist.

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